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"Narciso e o Eco" - Caravaggio |
Gostava tanto de escrever coisas inteligentes e depois andar desprevenido por algum lado e ver-me citado numa parede. Coisas há que ainda me causarão surpresa, um dia. Será novidade e da novidade pouco haverá a dizer. Já sobre os dias, bem, os dias ainda são meus e escrevo-os. Se não fosse existirem outros mais inteligentes do que eu, certamente que seria citado mais vezes. Tenho os meus dias, sim, e esses ninguém mos tira. Ganhei-os com a dignidade possível, que ficou sempre muito abaixo daquilo que esperaria de mim. A escrita nunca me salvou, mas muito me vem consolando. Tantas e tantas vezes.
No quotidiano rebentado dos invisíveis nunca se passa nada de grave. Anda só uma bola de rancor a bater entre o peito e a cabeça. A bater e a bater, feito uma parede pareço. Tanto azedume que fica aqui posto, parado em nostalgias. De quê? Nem sei bem.
Não é difícil perceber que não se pode falar disto em outros lados, pois ninguém muito liga a assuntos inter-pessoais. Aqui, estou a trinta mil palavras do resto do mundo e posso abrir a camisa e mostrar o peito e dizer: por enquanto tudo me sobra para encher o buraco da alma, mas chegará o tempo em que terei uma parede com o meu nome.
No quotidiano rebentado dos invisíveis nunca se passa nada de grave. Anda só uma bola de rancor a bater entre o peito e a cabeça. A bater e a bater, feito uma parede pareço. Tanto azedume que fica aqui posto, parado em nostalgias. De quê? Nem sei bem.
Não é difícil perceber que não se pode falar disto em outros lados, pois ninguém muito liga a assuntos inter-pessoais. Aqui, estou a trinta mil palavras do resto do mundo e posso abrir a camisa e mostrar o peito e dizer: por enquanto tudo me sobra para encher o buraco da alma, mas chegará o tempo em que terei uma parede com o meu nome.
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