Nunca sonho os sonhos completos. Isso é das maiores tolices consentidas. Acabar-se-iam e depois, a lucidez não me convém de todo. Ficaria cego, ainda que de olhos abertos, de órbitas vazias, perfeitamente claro, mas sem instinto criativo. Preso a instantes-sonhos horríveis e outros pertences menos humanos.
Um dia hei-de ponderar sobre os sonâmbulos! Sim, esses heróis esquecidos da noite. Estar do outro lado é que é, mais do que um sonho, nesse lado tudo se arredonda de tão absorto que é, de tão pouco indigno que é. Ali é que há vida! Ali existe-se. E todo este irreal sorrateiro tornar-se-ia a única coisa real que valeria a pena.
Nunca desta cabeça saiu uma imagem de desconfiança. Sempre ovelha de olhos abertos, nunca pastor incinerado lá no outro reino verdadeiro. Acordado tenhos facas e facas e facas e desfaleço de energias, sem poder sonhar. Por vezes até parece que a minha alma se antecipa ao momento do desfalecimento, sucumbindo ao sonho que estou a sonhar mesmo de olhos abertos. É de todas, a minha auto-oferenda mais querida. Quiçá venha a ser a minha mais perfeita glória.
O fogo do céu descerá sobre estes lugares de vício e um dia, um dia aprenderemos todos a ser rebeldes, a ser heróis-sonâmbulos. Não mais homens cheios de fraquezas e ignorâncias, submetdos a deuses abominantes. Um dia sonharemos em uníssono, e as máquinas acordadas entrarão em modo de auto-destruição. Um dia o mundo acordará de verdade, e ai de quem nos tente deter.
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