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Recordas a primeira vez que te disse que te amava?
                                                   Chovia tanto e tu nem me ouviste.
Espirraste e tive de o repetir.
Eu disse: Amo-te! Eu disse...e tu não disseste nada.
Ergueste as mãos ao meu olhar brilhante,
e vi a chuva a correr pelos teus dedos.
Depois beijaste-me e disseste: Se tu morreres, se tu morreres... também eu morro.
Só no dia em que tu disseres. Só nesse dia.
Diz-me: Sou tua para sempre, para sempre.

Diz-me!
                                  Se tu morreres, repetiste, se tu morreres também eu...
depois juraste-me que serias sempre minha e que eu seria sempre teu.
Recordas a última vez que te disse que te amava?
Estávamos quentes e seguros no nosso mundo perfeito.
Bocejaste e tive de o repetir.
Eu disse: Amo-te! Eu disse...e tu não disseste nada.
Apertei-te as mãos junto ao meu peito,
e vi as minhas lágrimas correndo pelos teus dedos.
Se eu morrer e se tu morreres...E agora acabou. 
Acabou tudo no dia em que percebi,
que não existe um "para sempre", apenas isto,

apenas isto.
                                                Se tu morreres, disseste, eu também
mas acabou porque nunca entendeste,
que não existe nenhum se, apenas quando,

apenas quando...

Comentários

  1. Por isso devemos viver e aproveitar a vida sem nos deixarmos absorver pelos "ses"...

    Beijos, gostei de conhecer o seu blog!

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  2. Muito obrigado Isa pelo teu comentário. Volta sempre que te apeteça que serás sempre muito bem vinda. Cada momento é assim, um pedaço próprio da vida que nos constitui, só assim podemos ser felizes. Beijos.

    ResponderEliminar

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