Vivo em função da existência da luz
E das batalhas desiguais
ainda que nem mereça uma vida que seja inteira
e totalmente luminosa
sigo-lhe o sopro para onde me conduz
o rugoso ruído de seus cristais
erguendo-se no rigor da manhã que se abeira
traduzida numa só palavra, tão..tão poderosa.
Nem tento interpretar esta ceifa matinal.
Sou o homem que nunca a compreendeu
calculo mal as palavras nas noites desertas
levanto-me, abro o olhar e volto a viver
Já nem concebo outra existência que não seja igual
existo apenas no dealbar colorido do céu
entre o manto da escuridão e as lâminas abertas
naquele instante em que a noite deixa de o ser.
Ali descarto o que sou e torno-me gente
Nos confins da luz— flores de sonho tilintam, explodem, resplendem,
sou o menino de lábios cosidos,
cruzando as pernas no dilúvio branco que brota dos céus,
minha nudez em sombra, ninguém a sente.
Ou as paixões que estes fogos em mim acendem.
Sou o menino sem luz, a quem ninguém dá ouvidos,
Para sempre calado em pensamentos meus.
As jóias erectas no solo fértil dos bosquezinhos e jardinzinhos
Não chegam a brotar, como peregrinas da verdade.
Que tédio, ver o pequeno morto atrás das roseiras,
Por baixo do enxame de folhas douradas,
Por dentro da alma de dizeres mesquinhos.
A luz está à venda, e conquistá-la nem por saudade.
Prefiro a escuridão pois, que é feita de noites inteiras,
E menos será o tempo de esperanças malogradas.
Casimiro Teixeira
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