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Sonhos roubados.


Tenho sonhos doentes na alma só,


pequenos, egoístas e mesquinhos,


sonhos infelizes e tão pequenininhos,


que nem sonho serem sonhos meus.


Rasgam-me as noites levando-me a paz.


Deixando-me num estado de meter dó.


E já sinto saudades de não os ter,


de me deitar há noite e não dizer: Adeus!


E de não saber ao certo, o que a noite me traz.


Tenho sonhos doentes que não tem cura.


Carrego estes sonhos comigo,


há mais tempo do que tenho memória,


tão distante, que nem lembro já em que altura.


E que mal terei eu feito?


Que mal terei feito,


para ter sonhos assim, sonhos sem história!


Tenho sonhos doentes, pois tenho,


nem bem sei se são parte de mim,


ou existem por mero defeito.


Deito-me há noite e nem os contenho,


Espero somente pelo seu fim.

Comentários

  1. Casimiro, é pena o tempo ser tão pouco; se o pudesse esticar, ficava horas e horas no seu blogue a deleitar-me com as suas fabulosas histórias. Admiro o seu olhar atento e a sua enorme capacidade de retratar tudo o que vê, tudo o que sente, tudo o que imagina… Parabéns!

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  2. Carmelo Miranda09:34

    Tenho acompanhado desde algum tempo a esta parte o seu trabalho, quer pelo blog, quer pela bubok. Vou ser "curto e grosso": considero-o um mediano romancista, mas um grande poeta. Gostava de vê-lo a incidir mais na poesia. É uma opinião própria e singela, mas sincera.

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  3. Muito obrigado Carmelo, todas as opiniões são fundamentais, mais ainda, quando são assim formuladas, numa base de absoluta sinceridade. Adoro escrever poesia porque considero ser um veículo universal através do qual consigo purgar todos os males e alegrias de que me revisto, foi assim que comecei a escrever e suponho que, enquanto me soprar ar cá dentro, o continuarei a fazer. Prometo publicar mais poesia aqui no blog e também tentar superar-me na escrita em prosa que tanto prazer também me dá. Afinal de contas, faço-o para si, e para todos os que demonstrem interesse em me conhecer melhor, lendo-me. Muito obrigado pelo seu comentário, e volte sempre.

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  4. Maria, nunca deixo de me sentir lisonjeado pelas suas palavras tão gentis. São comentários como os seus que me inspiram a continuar sempre, a nunca desistir de tentar expor a minha perspectiva do mundo a quem o quiser conhecer. Um grande beijinho para si.

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