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Imagem retirada de djibnet.com |
E se eu palmilhasse sem receio,
um caminho que nem me apeteça,
no final de um dia que custou a vir,
mas lento, e num céu de chumbo, ele veio.
E se por lá ficasse, sem que mereça,
a vasta liberdade que me fez sentir?
E se misturasse ao som mudo dos meus pés,
a pausa etérea da areia revolvida?
O ruído feroz daquela trovoada,
O restolho do mar lambendo-me de viés?
E se fosse isto a minha vida?
E não mais sempre alma magoada.
E se pelas pupilas gastas pelo sal,
a imagem do mundo se entreabrisse?
Majestosa se mostrava, e mesmo sem ser minha,
pareceu-me não ter nunca tido outra igual.
Como se o próprio Sol ao morrer olhasse, e visse,
que a tristeza d’outrora já definha.
Foi-se, sem emitir um som que fosse impuro.
Nem tampouco um só lamento de saudade.
E se por fim entrassem em alinho,
Os quantos sentidos e emoções deste coração duro,
neste momento singular de inerte vontade,
Que vim a descobrir neste caminho?
Vontade! A mesma que sabia já ter perdido.
E se atestasse que aquela luz afinal,
Fosse mostra de uma esperança que nunca quis?
E o receio de viver fosse por fim vencido,
em luta valente do bem contra o mal.
E este sopro de mar me tornasse mais feliz?
Seria como um império sem nexo que se avizinha,
suave e sorrateiro como esta luz que se evade.
Mas, e se a soberba no meu peito,
Afinal não fosse vaidade minha?
E este caminho ignoto, fosse alegria que me agrade?
E que se fez minha afinal, porque se fez do meu jeito.
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