Avançar para o conteúdo principal

Conto Convosco!







O Planeta está bem?
Autor: Casimiro Teixeira




Já se imaginou a acordar amanhã cedo, tomar o seu duchinho, um bom e saudável pequeno almoço, preparar-se para sair para o trabalho, entrar no carro, olhar em frente e... e descobrir que o planeta desapareceu, já não está lá?

Ridículo não? Pois se assim fosse, não valia a pena você ter tomado duche. Porém, é para este cenário que parece que caminhamos, não acham?

Se há cem anos atrás, uma catástrofe natural ocorria com algum intervalo temporal, hoje em dia, esses fenómenos tornaram-se tão rotineiros, que mal temos tempo para repormos a ajuda que prestamos ali, quando já outro imerge aqui. De tão banais, alguns chegam a passar despercebidos nas notícias internacionais, sendo relegados aos noticiários locais. O Planeta revolve-se em convulsões contínuas, que parecem ter como conclusão, a sua ruptura total.E de quem é a culpa? Do Planeta? Deus? Terroristas da Al-Queda?

Não me parece! Se há culpas no cartório, essas são da total responsabilidade dessas criaturas humanóides que aparentemente se auto-proclamaram reis e senhores da Terra - Humm..Nós!


Dilúvios, Deslizamentos de terra, Pandemias, Erupções vulcânicas, Incêndios Florestais, Terremotos, Inundações, tempestades, Tsunamis, derramamentos de petróleo..tornaram-se lugares comuns no nosso léxico, talvez perigosamente comuns. É certo que se vêm esforços, mas, a maior parte deles, são quanto muito, insípidos e panfletários. Não será o Greenpeace, que irá salvar o mundo por nós, portanto a sua doação anual não será suficiente para lhe apaziguar a consciência.

Não será também Hollywood, que nos irá abrir os olhos, e por-nos de sobreaviso. E lá porque discutiu apaixonadamente o enredo de 2012 com os seus amigos à mesa do café, isso não quer dizer que perceba alguma coisa do que está falar - Não me leve a mal, eu também não! Lá vou fazendo a minha parte, como bom carneiro ensinado que sou, mas por vezes o que é preciso mesmo, é por o dedo na ferida, e pressionar, pressionar..até sair todo o pus, e ficar finalmente tudo limpo.






Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

A ilusão de morrer.

Aqui estou no pouco esplendor que expresso. A tornar-me mais e mais fraco à medida que envelheço e perco a parca noção de humanidade que um dia posso ter tido. Só antecipo resultados finais de má sorte. Dor, doenças malignas de inescrutáveis resultados, possibilidades de incontáveis suicídios sem paixão, paragens cardíacas no galgar das escadarias de S. Francisco. Atropelamentos fatais nas intersecções de estradas mal frequentadas. Facadas insuspeitas pelas noites simples de uma pacata Vila do Conde. Ontem quis ir à médica de família, talvez me pudesse passar algum veredicto. Não fui capaz. Não admito os médicos e as suas tretas 'new age'. Há menos de meio-século atrás, esta mesma inteira profissão fumava nos consultórios e pouco ou nada dizia sobre pulmões moribundos. A casa na praia valia mais que o prognóstico verdadeiro impedido. Aqui estou, contudo. Ainda aqui estou. Trapos e lixo vivem melhor as suas existências que eu. Escrevo isto, bebo, escrevo, mais três cigarros. Que