Avançar para o conteúdo principal

Todos os Anos... são Fevereiro!

 

Aproxima-se.

Aproxima-se e convenci-me de que nem o veria, (este ano).

Tolo, fui tolo, sou sempre tolo por pensar no melhor.

O melhor jamais chega. A vida é assim, um novelo de desilusões, e eu, o gato antropomorfo que nunca se achincalha sem companhia, nunca esquece as tribulações que aqui me conduziram. Quer, mas, nunca brinca com o novelo...as 'patinhas' no alto a dominarem-no, a julgarem-no, analisando-o, controlando-o enquanto escorrega por algum longo corredor. Não! Não sou esse 'gato' brincante. Sou o 'gato' que só se atrapalha, corpo, alma e conquistas, o 'gato' que bebe pelo meio do seu próprio fim. O fim não chegou. Miau...! Mais uma passagem se fez e ele não chegou de novo. Vou matar os meus gatos para que não sofram com a minha perda. 

Tomara que houvesse gente nesse mesmo sentido. Acabar seria um pacto. Não existem realmente. Suspeito sobre o alívio que este meu fim lhes trará. Acabo com os gatos, pronto. Fico descansado.

Para a semana faço anos. Tenho de me acabar antes de recomeçar. Porque "a noite é escura e cheia de terrores", e eu, eu sou e sempre fui fraco.

Mais vale sê-lo!

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

O Incidente de Plutão (Parte II)

Continuação... Xavier sonhara o corpo de uma loura por semanas, nos intervalos em que se convencia a si mesmo que a amava porque sim. Mas que desacato. Não tinha heroísmos em part-time para dar a ninguém e por isso se pusera a fazer teatro no fim do trabalho como forma de não se maçar a si mesmo. Era um salto à vara espantoso, se de tantos lados que procurou socorro, este lhe chegasse através desta mulher. Doroteia, vista pelos seus olhos era a mulher mais bonita da cidade, e ai de quem o  contradissesse. Não era que o dissesse a ninguém, de todos os modos só se queria deitar com ela e deixar-se adormecer ao seu lado como uma fera amansada. Era tudo matéria de sonhos. - E o que foi que tiveste de fazer pelo teu pai? - Arriscou a pergunta. Não foi pronta a sua resposta, apesar de se perceber na comissura dos seus lábios os indícios de um longo diálogo consigo mesma - precisamos de falar sem rodeios - ouviu depois o rapaz dizer. - Isto é, se queres que fique e te escute. Quer