O tornar do passado é sempre um resto,
sem história
sem letras escritas só ramos
nus
expostos à luz de dias cinzentos, sem ventos
de dança.
Contei todas as tuas pestanas
coladas à minha memória
e deito-me só a chorar sem qualquer pujança.
Observo a geografia do corpo
do nosso futuro e só vejo vidros
partidos ao cair da noite de todos os tormentos.
Chorei a noite passada
e nem sei porquê.
As lágrimas que ontem chorei
tornaram-se hoje na chuva
da minha história acabada.
Quando chegará a palavra da abundância
meu amor?
Quando ficará por fim ajustada esta ténue lei?
Nem sei se escreva mais uns poemas que ninguém lê
ou caminhe longe de cabeça alta
cheia de dor
e com os pés abaixo do sítio onde fiquei
a chorar ao mundo por clemência.
O fim é tão estranho.
Para sempre um nome preso
à inconstância do amor.
Contei todos os teus olhares bordados
em carne e planícies de flores.
Depois...por fim chega o abismo sem tamanho
e deixo mesmo de escrever-te
pois sinto-me tão, tão indefeso
ou seja lá bem o que isto for!
O enredo continua algures, longe do teu eterno fulgor
mas esses cabelos tornados
em alegrias de sangue e calores
não cabem mais nos meus pulsos cortados.
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