Saiu de casa pela hora da ceia. Voltou de manhã um homem pior. Entrou em casa, apagou a luz do corredor e só guardou os risos das crianças mais pequenas. Ainda trazia a cicatriz da navalhada traiçoeira, caída das portas que foi observando de um lado e do outro do corredor da vida injusta.
Eram só portas fechadas. E nenhum Natal as abriria jamais. Andou assim um bocado no corredor escuro, ante o riso dos infantes, trocistas. Acabou caído na lingueta do rio, adestra à estátua da rendilheira. Pôs-se em pé, sujo daquela gosma nauseabunda conhecida e voltou. Hoje espera pelo novo ano. Ingrato por estar ainda vivo.
Comentários
Enviar um comentário
Este é o meu mundo, sinta-se desinibido para o comentar.