Avançar para o conteúdo principal

Bosques Esquivos




Nunca se dilui entre a escuridão
se perfaz na esperança de luz,
ou se curva assustado por entre os caminhos.
É um rochedo constante que as tempestades nunca alteram.
A estrela mais fixa a todos os caminhantes errantes
o brilho claro, mas sem matéria,
que jamais se torna joguete do tempo.
Mesmo que a carne o sofra, no peso da sua fúria.
Fica monólito, algures uma presença etérea,
também.
E uma falsa partida, ele é aos sobretudo ignorantes,
 mais um caminho errado, uma artéria
suja de tanta errada miséria,
onde se desavindam os maus amantes.
Não é produto nem inspiração de algum tempo de bem
só deita sangue desgovernado da sua insensatez venérea.
Ele é escrito mas lido jamais.
Pobre azul que nunca conheceu os pais.
Triste mar sem praia mais além.
Contudo ou nem por isso,
fez grato o caminho contrário à desidéria.
Comeu a crueza dos dislates de seus mandantes.
E morreu impróprio pelos dentes dos canibais.
Se tudo isto for falso e o provarem assim,
nunca o escrevi
e desde sempre até ao fim
absolutamente alguém amará outro alguém,
exactamente, 
como previ.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

...Poderia ser maior! Poderia ser um escritor, em vez deste blogue vagabundo que... foda-se!

  "On The Waterfront" 1954 - Elia Kazan

O Artista que faz falta Conhecer

Um dia desenhei um rectângulo largo em uma folha de papel-cavalinho, não foi salto nenhum, pois em anos antigos, já me tinha lançado a fazer rabiscos aqui e ali. Em pastel sobretudo, e uma vez cheguei ao acrílico, mas aquilo eram vãs tentativas sem finesse alguma. As artes plásticas são um mistério ainda, e uma das minhas grandes decepções como ser humano criador. Essa e a música. Creio até que terei começado a escrever por me faltar jeito para o desenho e para os instrumentos de sopro. Assim que voltemos ao meu rectângulo. Esquissei-o de vários ângulos e adicionei-lhes cornijas e janelas. Alguns sombreados. Linhas rectas e perspectiva autónoma, cor e até algum peso acumulado. Longe do real mas muito aproximado deste. Quando dei por mim tinha o Mosteiro (Stª. Clara) desenhado, em traços grosseiros e pôs-me feliz ter chegado ali, até me dar conta que cometera plágio. O meu subconsciente foi buscar o trabalho do Filipe Laranjeira ao banco da memória, e sem me pedir licença, copiou...