Avançar para o conteúdo principal

O rapaz-tímido


Nos intervalos do balcão azul-imenso, o rapaz-tímido ainda tem tempo para viver umas coisas mais exactas.
Anda por lá só a marcar um compasso, aquilo já nem lhe perturba muito o juízo. Tira cafés, espreita a barriga da máquina, escreve e desbrava o que contem. Nada de extremismos antigos, que lhes ganhou uma saudável imunidade, tudo com mãos ágeis e cabeça aberta. Vai assistindo atrás do balcão, aos que ganham protagonismo, mas não todos. Só alguns.
O rapaz-tímido adormeceu um dia a pensar que ali se faziam amigos como no recreio da primária, e acordou a acreditar que aquilo funcionava mais como o polivalente de um liceu. 
Recomeçou agora o concerto e o rapaz, observa os super-poderes dos amigos que são amigos dos outros amigos que nem são seus amigos, a serem populares. O rapaz-tímido apaga mais um pequeno texto escrito nas pontas dos dedos, desenha uma piada-fotografada, e mantêm-se suspenso e vivo sobre o chão do balcão-azul, por mais uns tempos. Repara nele quem pode. Nenhum público-sentado se encantou com o feito. Então, o rapaz-tímido voltou às suas coisas mais exactas e voou.


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

Três!

  Fui e sempre serei um ' geek '! - Cresci com o universo marvel nas revistas que lia em um quase arrebatamento do espírito em crescimento. O mesmo aconteceu-me com " Star Wars" , e com praticamente todos os bons  franchises que me animassem a vontade.  Quando este universo em particular, ( marvel ), surgiu finalmente em forma de cinema, exultei-me, obviamente. Mais ainda quando tudo se foi compondo em uma determinação de lhe incutir um percurso coordenado e sensato. Aquilo que ficou conhecido como MCU (Marvel Cinematic Universe). A interacção pareceu-me perfeita. Eles faziam os filmes e eu deliciava-me com os mesmos. Isto decorreu pelo que foi denominado por fases. As 4 primeiras atingiram-me os nervos certos e agarraram-me de tal maneira que mormente uma falha aqui ou ali, não me predispus a matar o amor que lhes tive. Foi uma espécie de idílio, até a DISNEY flectir os músculos financeiros que arrebanhou sabe-se lá como, e começar a comprar tudo o que faz um '