Nos intervalos do balcão azul-imenso, o rapaz-tímido ainda tem tempo para viver umas coisas mais exactas.
Anda por lá só a marcar um compasso, aquilo já nem lhe perturba muito o juízo. Tira cafés, espreita a barriga da máquina, escreve e desbrava o que contem. Nada de extremismos antigos, que lhes ganhou uma saudável imunidade, tudo com mãos ágeis e cabeça aberta. Vai assistindo atrás do balcão, aos que ganham protagonismo, mas não todos. Só alguns.
O rapaz-tímido adormeceu um dia a pensar que ali se faziam amigos como no recreio da primária, e acordou a acreditar que aquilo funcionava mais como o polivalente de um liceu.
Recomeçou agora o concerto e o rapaz, observa os super-poderes dos amigos que são amigos dos outros amigos que nem são seus amigos, a serem populares. O rapaz-tímido apaga mais um pequeno texto escrito nas pontas dos dedos, desenha uma piada-fotografada, e mantêm-se suspenso e vivo sobre o chão do balcão-azul, por mais uns tempos. Repara nele quem pode. Nenhum público-sentado se encantou com o feito. Então, o rapaz-tímido voltou às suas coisas mais exactas e voou.
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