(...) Rodas, penachos e gotas malditas de sémen sem fruto algum. Algures, uma rapariga grita desalmadamente enquanto se ouve o estrondo seco de uma porta maltratada a bater.
Parece que transcorreram cem anos depois disto. A porta bateu e dei por mim a responder a uma secretária que não sabia dactilografar. Não sabia arquivar, não sabia atender telefonemas anónimos. Que puta tão inútil: Rodas, penachos e fins-do-dia a rolarem desenfreados até à escuridão, mais ricos, ou mais rosados que todos os outros anteriores. Que ingrata fome que nem alimenta um verme com poder. Sentou-se dominador e pôs os pés em cima da secretária como se fosse absolutamente seu dono. Alguns homens sentem este frémito sempre presente. O desejo de se sentarem nalgum camarote e assistirem a um espectáculo que só eles vêem e apreciam. Nem sequer tinhas mamas que lhe salvasse a necessidade de ter algum tipo de aptidão necessária.
- Caramba! Do que raio é que estou aqui a falar? - Ela sempre fora anormalmente crédula. - Tens alguma noção da gravidade deste caso, sua puta estúpida?
- Sim. É sobre o meu pai. - Proferiu da baixeza da sua nudez oculta. (...)
Miro Teixeira
2016
Sem título e por publicar
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