Sinto pena por tudo. No fim de contas, sentir pena não é assim tão mau quanto o pintam. Ao menos não vejo o meu nome mal escrito em lado nenhum, ou fora do contexto, mal representado, injuriado. Isso há-de valer de alguma coisa, não é?
Sinto pena por não ser vilipendiado por ninguém de nota. Ao menos ao sermos mencionados em algum lado, ainda que mal ditos, mal parecidos, ainda assim parecemos alguém importante. O pior bico deste chapéu bifurcado é querer e não querer em simultâneo. - Gostava que me convidassem para coisas onde se escrevesse para alguém depois ler. Até podia ser a porta de uma casa-de-banho pública, não me importaria. Só queria que me convidassem.
Há uma espécie de orgulho no "convite". Implica que alguém fez lembrança deste nome em particular e lançou a avença. Sabe tão bem isto.
A pior desdita para um escritor, pior que escrever com mediocridade, até pior que não escrever de todo, é não ser convidado. Destrói-lhe o tecido interior da "pena" sempre em movimento. Um escritor que não é convidado para nada, não o chega a ser. Convenhamos!
Sinto pena pelo desperdício, pena pela entrega ao vazio. Sinto pena de tudo, Porra!
Ao menos ainda me convidam para ir ao cinema!
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