(...) Subimos juntos as escadas que conduziam ao primeiro corredor do primeiro andar. Desaguamos ali sem recordações de maior, imersos naquela noção de bom pecado que o Henry Miller transformou em pureza, num bafo de uísque inspirado. Como se o movimento de rotação da terra, não se tivesse alterado para sempre naquele pátio anterior ao nosso beijo. Tornei-me seu escravo absoluto no momento devastador em que o seu perfume me penetrou. E os escravos só sabem coisas sobre revoltas e insurreições, não têm cabeça para mais, porque o resto do corpo, e grande parte da cabeça também, estão firmemente soldadas à vontade exterior de um segundo índividuo. Perdi a minha vontade na carne vermelha daqueles seus lábios rarefeitos.
Subi todos aqueles degraus seguindo-a, hipnotizado pelo movimento ficcional das suas nádegas, a dança triunfante das suas coxas livres. Do outro lado daquele movimento pendular de linhas rectas imparáveis, havia quem disparasse aos pássaros mais lentos do céu de Setembro.
Nunca mais quis viver enganado pela vida anterior que me definiu. (...)
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