Caro Senhor Meu Deus,
Ouvi recentemente um muito alarmante rumor, que me transtornou o espírito. Constou-me que Pensas descontinuar a produção da Mulher, retirando do mercado todo o stock existente. Ora, bem Te sei Todo-Poderoso e Omnisciente, mas Hás de convir que essa Tua decisão, de todas as que já Tomaste desde o Alfa e do Ómega, é a coisa mais digna de apontamento.
Sempre fui Teu fiel devoto, e longe de mim, Ó Criador, vir-Te agora questionar por tudo e por nada, mas, logo a mulher Senhor?
Quando o padre Gusmão me disse: Torna essa mulher honrada meu filho! Deus assim o quer. – Assim o fiz, pela Tua graça e obra, e de então até agora, já conto 27 anos de felicidade incomparável ao lado da minha Guilhermina. Então e agora? Que será de mim? Quem irá engomar-me as peúgas e os boxers? Quem conseguirá ter o desinteresse de olfato para aguentar a minha flatulência crónica?
Bondoso Ser Supremo faz com que eu não termine os meus dias como o Júlio da mercearia, que por tantos anos Te vem ofendendo naquela união pecaminosa com o Paquito do talho. Tudo menos isso, que sem essas carnes ao dependuro passo eu bem.
Careço da mulher, que de todos os seres que Te ocorreram lembrar no dia sagrado da Criação, é o mais perfeito, não me restam dúvidas. Se nos Levares as mulheres ficaremos reduzidos a um fundilho sem serventia, e nem nos valerá a ciência para nos tirar deste imbróglio. Quem povoará depois este belo pedaço de azul e verde que Nos legaste? Os provetas ou os rabetas?
Senhor, Te imploro, na mulher depositamos todos as nossas mais preciosas esperanças, para nos darem governo ajuizado, e também para nos aquecerem este baixo-ventre sem grande engenho que de outro modo, sejamos realistas, nunca terá outra utilidade tão agradável que não seja a de apontar certeiro ao côncavo de uma sanita. Eu então, que já nem o utilizo com grande frequência. Exceto quiçá pela santa altura em que a vizinha do prédio em frente se esparrama no estendal como Tua mais bela criação, e me aquece os líquidos numa ebulição indescritível.
Grande Ser, já Imaginaste o infeliz trapo sem vida que este teu servo seria se Tu agora me roubasses a visão suculenta daqueles seios perfeitos? Mais não Te rogo, por medida de não Te querer maçar a Omnipresença.
Teu sinceramente,
Valdemar Caio.
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