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Aos Domingos sou mais velho que nos outros dias


Pode ser que me encontre num dia
em que já nem seja velho, jamais.
Eu bem tento envelhecer, eu bem tento,
mas só me imagino a brincar com meninos de lata.
O meu corpo cansa-se para trás, a cabeça nem se despedia,
queria sempre mais, a eternidade queria, só um bocadinho mais.
Perdi anos com esta cabeça, de tempo só dela de que nem sei se estou isento,
se envelhecer ao meu lado, serei somente aquele que a empata.

Pode ser que um dia o meu corpo seja de ninguém,
entrego-o à ausência de um dia que só existe nesta demora.
A cabeça sente-lhe o peso por baixo, e pendura-se, devagar
esquece-se de que é Domingo, e que o tempo hoje é mais lento.
Se lhe criar um amigo, será feito daquele tempo que ninguém tem,
da minha parte, já se acabou o tempo que andei anos a deitar fora,
perdi a cabeça, num corpo envelhecido antes mesmo de acreditar
no tempo ridículo que por dentro eu invento.



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