Avançar para o conteúdo principal

A dor que corre por trás da dor


Amor, mas só aquele amor.
Aquele amor que nos dá as belezas mais simples,
perfeitas como pessoas, ou bichos ou coisas,
ou coisas de amor que se desenham devagar.
Amor, mas só aquele amor,
que nos ensina lições de alegria, faz delas pressuposto,
até as vir buscar de volta. Até as vir buscar!
Dessossega e depois aquieta-se,
dói, põe, tira, refaz e perfaz e até faz dó de tanto desgosto.
Como se amor fosse sinónimo,
dessa mesmissíma dor.
Amor, mas só aquele amor,
que só nos quer ensinar a audácia,
de estarmos vivos
no devagar do seu tempo.
Talvez não devesse,
não parece muito certo gostar-se e retirar-se
e pelo meio caber o resto de uma vida.
Amor, mas só aquele amor,
só porque mais tarde ou mais cedo,
se fica ou incompleto ou tão cheio,
que só existe ou não existe tempo para a despedida.
Amor, mas só aquele amor,
e não me parece assim tão certo,
esquecer de sentir medo
na dor que corre por trás da dor.
Mas assim é.
Amor não se gaba de ensinar,
quem muito depressa aprende,
é tão fino e misterioso,
em duas metades a juntar,
é tão fraquejo, ingrato e medroso
que por vezes existe, e a gente nem o sente.
Amor, mas só aquele amor,
crepita cá dentro, mas tão lentamente
que demora uma vida inteira na gente.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

Três!

  Fui e sempre serei um ' geek '! - Cresci com o universo marvel nas revistas que lia em um quase arrebatamento do espírito em crescimento. O mesmo aconteceu-me com " Star Wars" , e com praticamente todos os bons  franchises que me animassem a vontade.  Quando este universo em particular, ( marvel ), surgiu finalmente em forma de cinema, exultei-me, obviamente. Mais ainda quando tudo se foi compondo em uma determinação de lhe incutir um percurso coordenado e sensato. Aquilo que ficou conhecido como MCU (Marvel Cinematic Universe). A interacção pareceu-me perfeita. Eles faziam os filmes e eu deliciava-me com os mesmos. Isto decorreu pelo que foi denominado por fases. As 4 primeiras atingiram-me os nervos certos e agarraram-me de tal maneira que mormente uma falha aqui ou ali, não me predispus a matar o amor que lhes tive. Foi uma espécie de idílio, até a DISNEY flectir os músculos financeiros que arrebanhou sabe-se lá como, e começar a comprar tudo o que faz um '