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Qualquer coisa a escorrer por mim abaixo




Não apareço na televisão, na rádio, nos jornais ou nas revistas. Não sou entrevistado por ninguém, não sou acompanhado por ninguém, não conheço ninguém, nem sequer sou convidado a conhecer.
Não canto, não finjo, não pinto, não minto, não sei fazer nada com juízo, nem choro mais do que preciso. Sento-me para aqui, a sentir o cabelo, a barba e as unhas a cresceram devagar. O cheiro é insuportável por vezes. Escrevo coisas sobre pessoas e lugares. E depois? - A maior parte delas, sou eu.
Reduzi o meu mundo a trinta metros quadrados, dez mil post-its escritos à mão no meu cérebro, transcritos depois para um computador, vinte cigarros diários e um gato. São três da tarde, num dia cinzento, volto a entrar sozinho na minha cabeça, onde vivem todos os companheiros e mundos que crio sem razão aparente.
O mundo ou é meu ou é vosso, já não sei bem. O inacreditável explica-me que não pode ser de ambos.

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