Todos os poetas românticos morreram jovens. Ou esgotados. Ou acabaram loucos e internados por se esgotarem sem chegarem a morrer no tempo certo e devido a um poeta.
E ainda bem que foi assim. Resolvidos os seus últimos casos amorosos, entravam em contacto com a própria natureza e morriam emoldurados.
Afinal, o que poderá restar a um poeta exaurido, que vazou tudo até à última gota da alma, que secou tudo o que tinha para dizer e repetiu, repetiu, repetiu...a mesma paixão, ou a mesma dor, ou as mesmas flores perfeitas da sua época?
Nada!
Sempre julguei os últimos dias dos maiores mestres como irmãos próximos do estatuário insípido. Se antes, de um bloco rígido de palavras criavam eternidade, era apenas porque as experimentavam na pele, e dessa mesma pedra raiada de vida fluíam os mais puros anátemas que os explicavam, a eles, e a todos nós. Foi esse mesmo mármore que sempre amei, mas o eterno nunca está na forma, e as palavras mais minerais contêm, ao nível celular mais profundo, um claro prazo de validade.
No fim, para que de igual modo, alguém possa mostrar o valor da sua alma, a verdade do seu mundo interior, e ainda que nem escreva por palavras claras, deve entender o mais básico de tudo: As flores mais belas são finitas, e morrem, quando têm de morrer.
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