Falha-me qualquer parte de optimismo bíblico. Da grande travessia, da injunção animalesca que nos moldou as células, do sacrifício ideal à vontade de persistir. Falha-me. Falta-me qualquer parte boa de ser Homem. Não sou Homem...não sou Homem...não sou Homem, só me esmoreço sozinho. Que inveja tenho daquelas pessoas que sorriem sem motivo. Que se levantam do chão negro. Que congregam e lideram. Que destróiem o estreito túnel de visão dos desesperados com um piscar dos olhos. Que inveja tenho dos sinceros enamorados. Dos livres enganados, dos sujeitos activos, dos pássaros vivos destes dias azuis. Eu não sou Homem... não sou homem, não sou nada em ser passivo. Que inveja tenho dos que em tábuas perfeitas, feitas jangadas eternas, viverão melhor o que me faltará a mim, para sempre.
Não seria tão belo despirmo-nos todos? Ficármos iguais finalmente? A mim falha-me tudo, até o lugar certo para o insucesso. Até a força para me vestir de alegria. Até a triste existência do pessimismo. Até estas palavras que nem me definem. E até sei que me acusarão de egoísmo, por pedir que a nudez da humanidade me disfarce as falhas de ser Homem. Que inveja tenho dos que são iguais e se apercebem disso. Eu só continuo...
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Foto: Betânia Liberato |
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