Avançar para o conteúdo principal

Ser óptimo é foda.


Falha-me qualquer parte de optimismo bíblico. Da grande travessia, da injunção animalesca que nos moldou as células, do sacrifício ideal à vontade de persistir. Falha-me. Falta-me qualquer parte boa de ser Homem. Não sou Homem...não sou Homem...não sou Homem, só me esmoreço sozinho. Que inveja tenho daquelas pessoas que sorriem sem motivo. Que se levantam do chão negro. Que congregam e lideram. Que destróiem o estreito túnel de visão dos desesperados com um piscar dos olhos. Que inveja tenho dos sinceros enamorados. Dos livres enganados, dos sujeitos activos, dos pássaros vivos destes dias azuis. Eu não sou Homem... não sou homem, não sou nada em ser passivo. Que inveja tenho dos que em tábuas perfeitas, feitas jangadas eternas, viverão melhor o que me faltará a mim, para sempre.
Não seria tão belo despirmo-nos todos? Ficármos iguais finalmente? A mim falha-me tudo, até o lugar certo para o insucesso. Até a força para me vestir de alegria. Até a triste existência do pessimismo. Até estas palavras que nem me definem. E até sei que me acusarão de egoísmo, por pedir que a nudez da humanidade me disfarce as falhas de ser Homem. Que inveja tenho dos que são iguais e se apercebem disso. Eu só continuo...

Foto: Betânia Liberato


Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

Três!

  Fui e sempre serei um ' geek '! - Cresci com o universo marvel nas revistas que lia em um quase arrebatamento do espírito em crescimento. O mesmo aconteceu-me com " Star Wars" , e com praticamente todos os bons  franchises que me animassem a vontade.  Quando este universo em particular, ( marvel ), surgiu finalmente em forma de cinema, exultei-me, obviamente. Mais ainda quando tudo se foi compondo em uma determinação de lhe incutir um percurso coordenado e sensato. Aquilo que ficou conhecido como MCU (Marvel Cinematic Universe). A interacção pareceu-me perfeita. Eles faziam os filmes e eu deliciava-me com os mesmos. Isto decorreu pelo que foi denominado por fases. As 4 primeiras atingiram-me os nervos certos e agarraram-me de tal maneira que mormente uma falha aqui ou ali, não me predispus a matar o amor que lhes tive. Foi uma espécie de idílio, até a DISNEY flectir os músculos financeiros que arrebanhou sabe-se lá como, e começar a comprar tudo o que faz um '