Parecemos todos convictos de que o desequilíbrio do mundo tem muito a ver
com o nosso próprio desequilíbrio. Não senhor! Isto é uma treta muito grande. O mundo está tão equilibrado como sempre esteve. Divisões bem esclarecidas, todos nos seus devidos estratos e um manancial de pobres a nascer todos os dias para engrossarem as devidas fileiras dos rejeitados. Está tudo aberto à grande bicharada. E não é isso mesmo? Somos todos uns bichos quaisquer, que devem a sua miserável existência à tirania de homens que, preguiçosos e incompetentes, usufruem do nosso trabalho, somos vítimas de uma exploração prepotente, e assim vivemos, cabisbaixos e castrados de vontades. E neste sentido, ninguém leva tão
longe o desprezo pelo corpo como o intelectual de hoje, reflectindo-se a
sua própria decadência física em quase tudo aquilo que produz, e por
consequência, no pensamento moderno. Salvo rarissímas excepções, continuámos a ser meras bestas de carga, sem grande ideias.
Escrevo isto sem grande vontade de querer vir a ser perdoado por seja quem for. Como carrego espuma nas veias, posso assim falar do mar cheio de certezas. posso derrubar os muros que mal nos resguardam, até só restarem sombras curvas de nós, remetendo-nos à eternidade dos sem voz.
Com um raio! Eu penso e tenho as minhas ideias, ainda que alguém grite numa floresta vazia, o som propraga-se na mesma, mesmo que ninguém o ouça. Portanto, está aqui. Entendam se quiserem, marimbem-se, se puderem.
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