Ofereçam-se inteiros ao amor,
deixem-se guiar fieis por essa chama.
Esse quente borralho de eterno calor,
essa paixão, esse toque da grande musa,
que nos enaltece o ser em versos que se declama.
Esse insano desequilíbrio que nunca se recusa.
Assim mesmo, na noite abstracta da razão,
tocam sinos longos, melódicos, a rebate,
gritam ledas as aves assustadas no interior,
deslembro incertamente o que me faz o coração,
sou todo eu um cristal fino que se parte,
que se agita intrépido em torpor.
Sei, sim, é belo, é luz, é impossível,
não há caminho que seja direito,
e o avesso tornou-se meu mundo.
e a fealdade da vida esfuma-se, torna-se invisível,
e cá dentro, cresce um calor sem forma ou preceito,
uma ilha brilhante que nasce num mar infecundo.
Como tudo é nulo e vão ante o amor.
as crianças riem na rua e a música vem ao acaso.
e já homem feito, ainda sinto que cresço.
Ofereçam-se inteiros a este calor,
despertem agora, antes já que com atraso,
antes que digam: eu não te mereço.
Se for falso crer num deus ou num destino,
quero, desperto, não me recusar.
a ser assim, confuso e deslembrado.
Pois no amor vai-se a razão, perdemos todos o tino,
não existe demoradamente, não tem lugar,
só sabemos o que é viver amargurado.
Ah, porque também nos mata este fogacho,
também se ferve neste calor.
Há verdades que se dizem,
e outras que ninguém dirá.
Valerá a pena fazer aqui esse despacho,
ou deixar para que melhor o ajuízem?
a escolha é vossa, e aqui está,
o que penso eu sobre o amor.
Casimiro Teixeira
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