Por vezes não é necessário falar de certos assuntos, apenas e só quando estes estejam na ordem do dia. Esta notícia já tem alguns meses é certo, aliás, refere-se até a mais um daqueles excelentes exemplos da boa governação do antigo governo de José Sócrates, porém, e por medida de uma história que me foi relatada por uma amiga professora, lembrei-me de escrever aqui o que penso sobre tal medida tão "bem pensada". Trata-se da abolição do velho sistema de "chumbos" escolares por acumulação de
faltas. Criando em sua substituição, um sistema de aplicação de "medidas de diferenciação pedagógica com o objectivo de promover
aprendizagens que não tenham sido realizadas em virtude da falta de
assiduidade" (Expresso)
Ficando
assim criadas soluções mais viáveis para aqueles alunos, que, não
podendo assistir às aulas, por motivos de estarem a dar sangue, ou a
ajudarem velhinhos necessitados, em asilos de terceira idade, não
dispondo, coitados, de tempo suficiente para espancarem e insultarem
convenientemente os professores, e os seus colegas. Agora, felizmente, e graças a este
decreto lei, já o podem.
Além do mais, o mesmo estatuto, também confere a possibilidade do pessoal não docente poder repreender oralmente
o aluno. Mas, isto é fantástico! Sempre que um professor estiver a ser
violentamente amolgado pelos punhos de uma pobre criança com carências
psicológicas, qualquer contínuo ou empregada da cantina, pode agora,
graças à alteração da regulamentação legal, vir em seu auxílio e
admoestar verbalmente esse mesmo aluno (s) que, certamente se sentirá
tão intimado por isso, que irá de certeza cessar todas e quaisquer
práticas de violência.
"Outra das novidades diz respeito ao apoio médico e/ou psicológico que os
alunos envolvidos em casos de violência escolar, vítimas ou agressores,
deverão receber, sempre que seja decretada a suspensão preventiva de um
estudante. O apoio será diligenciado pelo Ministério da Educação através
de uma equipa multidisciplinar, a funcionar em cada direcção regional
de Educação." (Expresso)
Meu
Deus, que saúde mental a desta gente! Praticamente colocam a tábua e o queijo nas
mãos dos alunos, e ainda lhes oferecem um trem de cozinha de facas ginsu
para puderem trincha-lo seu bel prazer.
Até
então, e em caso de não aproveitamento por atingir o limite de faltas, o
aluno era obrigado a efectuar uma prova de recuperação, (o que já não
era nada mau), e só assim, caso não obtivesse aproveitamento nessa
prova, seria retido no ano por um conselho de turma. O que muitas vezes
até não ocorria de qualquer forma, pois muitos professores, preferiam
passar determinados alunos, apenas e só para não terem que levarem com
ele mais um ano. Mas, agora já não! Agora são mais medidas de diferenciação pedagógica.
O que infelizmente irá acabar com aqueles belos chavões que os pais
tanto gostam de utilizar: - "Se não estudares...se faltares às
aulas...se não bateres no Gustavinho...nunca mais vais passar de ano!" -
Mas, isso era dantes, agora será mais do género: - "Olha lá Tó Né,
ficas já ciente que vais levar com medidas de diferenciação pedagógica se não fores amanhã às aulas. Mas, podes jogar Playstation na mesma querido!Porém, toma cuidado, senão eles promovem-te aprendizagens!"
Este é um país de inteligências fora do normal, pois, conseguiram agora criar as condições ideais para o fim do bullying nas escolas de Portugal. Afinal de contas, qual será o bully
que se preze que tentará intimidar seja quem for sabendo de antemão que
serão estas, as consequências acarretadas. Nenhum, claro!
Problema complicado, deveras. :(
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