Avançar para o conteúdo principal

Farto!

Já não me fazes falta,
E os versos que faço, já nem por ti os rimo,
Nem sequer almejo ter-te por perto.
Perdi o teu rosto na poeira do deserto,
fechei a tua memória lá no cimo,
De uma imensa montanha alta.

Quis-te ter tanto e sempre junto a mim,
Mas cortaste-me o nome e jogaste-o fora,
Num só golpe de ódio mesquinho,
Desejo-te que fiques para sempre nesse escaninho,
Onde te escondeste no dia em que te foste embora,
Pondo em descanso um amor que não tinha fim.

Já não te tenho em conta de seres gente,
Somei todos os dias e ficou um só grão,
És partícula diminuta num espaço infinito,
És menos que o pó que se agita com um grito,
Já nem sequer te reconheço em meio à solidão,
Pois essa ao menos, é coisa que se sente.

Comentários

  1. Passei...sigo, li, deixo abraço.

    ResponderEliminar
  2. Volte sempre Valquíria, e só espero que na sua passagem tenha gostado do que leu. Um grande abraço para si também.

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Este é o meu mundo, sinta-se desinibido para o comentar.

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

...Poderia ser maior! Poderia ser um escritor, em vez deste blogue vagabundo que... foda-se!

  "On The Waterfront" 1954 - Elia Kazan

O Artista que faz falta Conhecer

Um dia desenhei um rectângulo largo em uma folha de papel-cavalinho, não foi salto nenhum, pois em anos antigos, já me tinha lançado a fazer rabiscos aqui e ali. Em pastel sobretudo, e uma vez cheguei ao acrílico, mas aquilo eram vãs tentativas sem finesse alguma. As artes plásticas são um mistério ainda, e uma das minhas grandes decepções como ser humano criador. Essa e a música. Creio até que terei começado a escrever por me faltar jeito para o desenho e para os instrumentos de sopro. Assim que voltemos ao meu rectângulo. Esquissei-o de vários ângulos e adicionei-lhes cornijas e janelas. Alguns sombreados. Linhas rectas e perspectiva autónoma, cor e até algum peso acumulado. Longe do real mas muito aproximado deste. Quando dei por mim tinha o Mosteiro (Stª. Clara) desenhado, em traços grosseiros e pôs-me feliz ter chegado ali, até me dar conta que cometera plágio. O meu subconsciente foi buscar o trabalho do Filipe Laranjeira ao banco da memória, e sem me pedir licença, copiou...