Avançar para o conteúdo principal

Breve consideração sobre a minha poesia.

Eu escrevo: "Bem sei que os meus poemas estão carregados de erros por vezes, e depois? Eu não vou parar de corrigi-los. " 
Será que a poesia é sagrado? Ou talvez, considerada insignificante? Ambas as formas de abordá-la estão errados, e o pior é que o neófito, livre da necessidade de trabalhar nos seus versos não encara essa realidade, escreve com asas, em vez de ter os pés bem assentes na terra. É gratificante e agradável poder afirmar de boca cheia, que o espírito da Florbela Espanca desceu sobre mim na sexta-feira à 01:57 da noite, e começou a sussurrar-me segredos no meu ouvido misterioso (o esquerdo). Fe-lo com tanta veemência que quase não tive tempo para escrevê-los todos. Mas em casa, de portas fechadas, corrijo-os com afinco. Riscando e revendo aqueles termos que parecem provir de outro mundo. Os espíritos são maravilhosos, mas a poesia tem o seu lado prosaico.
Utilizar o verso livre, como se essa liberdade fora absoluta, é um engano. Um triste engano. A poesia é, foi e será sempre um jogo. E como qualquer criança bem sabe, todos os jogos tem regras. Porquê que os adultos se esquecem disso?

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci...

...Poderia ser maior! Poderia ser um escritor, em vez deste blogue vagabundo que... foda-se!

  "On The Waterfront" 1954 - Elia Kazan

O Artista que faz falta Conhecer

Um dia desenhei um rectângulo largo em uma folha de papel-cavalinho, não foi salto nenhum, pois em anos antigos, já me tinha lançado a fazer rabiscos aqui e ali. Em pastel sobretudo, e uma vez cheguei ao acrílico, mas aquilo eram vãs tentativas sem finesse alguma. As artes plásticas são um mistério ainda, e uma das minhas grandes decepções como ser humano criador. Essa e a música. Creio até que terei começado a escrever por me faltar jeito para o desenho e para os instrumentos de sopro. Assim que voltemos ao meu rectângulo. Esquissei-o de vários ângulos e adicionei-lhes cornijas e janelas. Alguns sombreados. Linhas rectas e perspectiva autónoma, cor e até algum peso acumulado. Longe do real mas muito aproximado deste. Quando dei por mim tinha o Mosteiro (Stª. Clara) desenhado, em traços grosseiros e pôs-me feliz ter chegado ali, até me dar conta que cometera plágio. O meu subconsciente foi buscar o trabalho do Filipe Laranjeira ao banco da memória, e sem me pedir licença, copiou...