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Pierre Bonnard - "Nua em frente à lareira" |
Quando te vi nessa noite, eras só pele e calor,
quis sentir-te mais de perto, mas queimavas,
a vontade de te tocar,
com o mesmo fogo que te guardava.
Estendias-te ao alto, indolente, num esboço de pintor,
e nem eras carne, incendiavas apenas, tu queimavas,
teu reflexo, meu espírito, o próprio ar,
que respirava.
Que suplício de fogueira é este que me queima desta maneira,
me prende à cama na visão tua que se esfuma?
Os meus olhos enganam-me, e não te vejo,
e perdi a função viva de te sentir,
sei-te aí, nua em frente à lareira,
mas sei também que tenho mais almas que uma,
e perdi-te a figura, no calor do desejo,
adormeci pensando no que está por vir.
Casimiro Teixeira 2005
Interessante o teu blogue...Li bastante, deixo neste um comentário: escrita que prende, imagens servidas por metáforas adequadas, o jogo polissémico de palavras, como neste caso. Parabéns. :)
ResponderEliminarObrigado Odete, um beijinho.
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