Avançar para o conteúdo principal

Poema 8


És uma flor que cresce da parede gretada,
perdida entre o feto a hera e a gesta,
colho-te mansamente dessa curta fresta
onde infeliz estás tu atada.
Trago-te, tonto e sem jeito,
enrolada no calor imenso deste peito,
a ti, delicada e bela que és,
minha flor silvestre, meu sonho de tudo o que virá.
Perdido, perdido, ando eu, no rastejar,
de um chão que nem sei se existe.
Perdida, perdida, anda a vontade,
a força de espírito, que por vezes parece que desiste.
Em mim, em mim (Tiná)
e anseio, anseio por esse teu olhar cheiroso de flor,
que tudo me traz de volta,
esse olhar, ah esse olhar de amor.
É por isso, só por isso que eu sei,
embora olhe para ti menos vezes do que já olhei,
nesta vergonha,
sim, nesta repugnante vergonha,
que me corta a artéria da vida, inundando-a de peçonha,
e nada mais me resta,
que estas palavras pra ti ó minha flor,
palavras nem sei bem de quê. De dor?
De Amor?
Pois eu estou cego, sou aquele que não vê.
Mas por ti, por ti eu tento,
e se ao menos,
em algum momento,
deste obscuro verso,
eu te conhecesse a ti, e tu a mim,
este poema, acabaria,
aqui e assim,
e eu saberia,
o segredo do Universo!




Porque tu existes.

Comentários

Mensagens populares deste blogue

A queda de um anjo triste.

Desafogados brilhos desta existência, quis olhar em frente, e vi somente escuro. Escuro, escória, lixo, lama e penetrante breu. Quis seguir em frente e não mo permitiram. Quis marcar presença, caí, e fui banido. Quis viver, e fui marcado a fogo com o rótulo do nada. Malditas palavras que me acendem esta vivência, pudera eu ser livre, e não viver por trás deste muro. Ser vento, ou poeira, e correr solto pelo esplendor deste céu. Malditas palavras que de mim emergiram, ainda mal as proferia, e já as via, abafadas em seu ruído, como se fossem pássaros, abatidos em revoada. Como eu mesmo, abatido assim, em tenra idade. Mas sosseguem, pois sou coisa irritante que insiste em não morrer. Malogrado pela estupidez do desprezo, sou, ainda assim, Homem! Homem! Homem... Estou vivo, e não desabo. Desafogado percurso que ainda mal começa, não verás teu fim nesta desdita amordaçada. Quis dizer o que quis, e não me faltou a vontade. Mais fáci

António Ramos Rosa, in "O Grito Claro" (1958)

Três!

  Fui e sempre serei um ' geek '! - Cresci com o universo marvel nas revistas que lia em um quase arrebatamento do espírito em crescimento. O mesmo aconteceu-me com " Star Wars" , e com praticamente todos os bons  franchises que me animassem a vontade.  Quando este universo em particular, ( marvel ), surgiu finalmente em forma de cinema, exultei-me, obviamente. Mais ainda quando tudo se foi compondo em uma determinação de lhe incutir um percurso coordenado e sensato. Aquilo que ficou conhecido como MCU (Marvel Cinematic Universe). A interacção pareceu-me perfeita. Eles faziam os filmes e eu deliciava-me com os mesmos. Isto decorreu pelo que foi denominado por fases. As 4 primeiras atingiram-me os nervos certos e agarraram-me de tal maneira que mormente uma falha aqui ou ali, não me predispus a matar o amor que lhes tive. Foi uma espécie de idílio, até a DISNEY flectir os músculos financeiros que arrebanhou sabe-se lá como, e começar a comprar tudo o que faz um '