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Poema 2

Tu és tudo,
que destino outro, terei eu,
senão tu?
Tu és o meu silêncio mudo,
de mim, o mais profundo meu,
o meu amor posto assim, a nú!
Tu és quem traz,
a esperança que persiste,
a paz que me sacia.
O pedaço em falta, que me perfaz,
o coração que não desiste,
em voltar a ser teu, um dia.
Que vida esta, que destino,
sonhar com um amor que já foi meu.
Que tristeza tão grande é, não o ter.
Tu és minha, eu desatino,
eu enlouqueço neste céu,
neste paraíso a esvanecer.
Volta, volta, ama-me novamente.
Tu és tu, e meu Deus,
não há outro amor assim.
Lavas-me a alma e tão intensamente,
que julgo já, serem teus,
os suspiros de amor que aspiro assim!
Tu, criaste em mim vontade,
deixaste-me, e fui pluma que voou.
Longe da certeza de ter sido certo,
fui voando errante, sem destino meu.
Tu, deixaste em mim a dor da saudade.
Fizeste-me ser volátil, o que hoje sou,
ar passageiro que vagueia pelo céu aberto,
esporo de uma vida que não cresceu.

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