Custa-me a crer que depois de mais de seis anos volvidos, um livro meu ainda esbraceje por aí nas mãos de alguém, que esse mesmo alguém o venha a ler e, que por algum milagre, se decida a enviar-me mensagem por e-mail dando-me conta daquilo que achou sobre o mesmo. Bem, aconteceu mesmo. E deixo-vos aqui a mensagem na íntegra (com a sua autorização devidamente) para que saibam o que pensou o Sr. Laranjeira, após o ter lido. Muito obrigado.
"Teria muito a dizer-lhe sobre este seu livro (Governo Sombra), mas poupo-o maiores deambulações: acho que é um livro acima do mediano, que justifica encómios e leitura. Tem a densidade dos grandes romances que desbravam as entranhas do que é ser humano. Faz a digressão pela escuridão construindo uma ideia em que os caminhos se bifurcam e alongam obrigando o leitor a olhar o mesmo cruzamento várias vezes, sempre chegando por um caminho distinto. Abre portas inusitadas. Usa imagens tão evocadoras quanto domesticadas são as palavras que as constroem na cabeça. Expõe personagens com um ou dois traços de carácter tão inusitados que justificariam cada uma um livro seu. É, em suma, uma obra que muito me agradou descobrir. Mas é também um livro obviamente inacabado, onde se vêm farpas mal aparadas, repetições que estorvam, um ou outro vício que se estancaria numa obrigatória revisão definitiva. Comprei-o usado, confesso-lhe, e nem lhe revelo por quanto. Mais me obrigo a confessar-lhe que mesmo assim só o fiz, simplesmente porque me agradou a capa. Enfim, por vezes acerta-se. E com este seu livro creio que foi o caso. Parabéns."
Albano Laranjeira, 59 anos, Guarda
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