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Magníficos dias Atlânticos



Serão hoje anunciados os moldes e definições de uma iniciativa governamental, única no mundo, de tal modo arrojada e liberal, que, caso se efective e (deus me livre!) até resulte, poderá transformar esta "geringonça" de 11 milhões de "loucos" visionários e criativos, no mais singular país democrático do planeta.
Refiro-me ao - Orçamento Participativo Nacional (OPN) - uma ideia graciosa, não peregrina, não a este nível pelo menos, que o actual PM António Costa, já a havia colocado em prática, em 2008 no município de Lisboa, quando aí cumpriu um dos seus mandatos de autarca. 
O conceito em si, sonegou-o à cidade brasileira de Porto Alegre, onde já havia sido posta em acção, implementando-a depois em Lisboa, com algum relativo sucesso e muitos milhões despendidos à mistura.
Grosso modo, a concepção generalizada deste projecto indómito resume-se a isto: até Setembro, os portugueses (qualquer português que seja - isto é muito importante) poderão apresentar ideias inovadoras, com o intuito de desenvolver e quiçá implementar no âmbito da agricultura, ciência, cultura e educação e formação de adultos, formas de se incrementar e/ou poupar recursos autóctones e autónomos de desenvolvimento da política económico-financeira nestas respectivas áreas, dentro do espaço territorial completo do nosso país.
Estes, posteriormente serão votados e deles escolhidos os melhores, de modo a poderem ser realmente implementadas no próximo OE de 2017.
Ora, isto não só é inédito e disjuntor na estrutura de qualquer país como também, e tendo em conta pertencermos a esta comunidade de bandidos fascistas da união europeia, a simples perspectiva de tal iniciativa, os deve ter colocado em tal frenesi de medo e ódio, que insistem em fincarem-se decimalmente em ridículas sanções singularizadas a Portugal, mesmo que, como credores, já tenhamos assistido a tantas outras iguais situações, noutros países comuns, onde quaisquer sanções idênticas foram acometidas de nada, de uma nulidade conjunta de acções contraproducentes. - Só que o Portugal de agora, não parece de todo virado a prossecutir este mandato ditatorial europeu. De alguma forma, e não me perguntem qual, pois ando pasmado por estes dias, Portugal determinou-se a enfrentar tudo e todos, diplomaticamente é certo, e aqui também reside uma certa inteligência política deste governo; qualquer David mais assertivo que o das histórias bíblicas, sabe que, melhor que enfrentar de frente o Golias, será contorno-lo e inevitavelmente conquista-lo, com reais resultados, impossíveis de serem distorcidos. - Creio ser este o rumo da nossa política actual.
Adiante. E adiante, porque sei do que falo, pois investiguei o que consegui sobre a acção perniciosa deste "Governo Sombra" que só nos quer mansos e subservientes.
Desconheço se esta iniciativa já faria parte do programa conjunto desta intrépida "geringonça", ou se, talvez que imbuídos pelo claro descaramento, totalmente desprovido de inibições e medos, que ultimamente vem agraciado os nossos atletas às vitórias (seja no futebol, no hóquei, no judo, no atletismo, no surf etc etc...) os nossos governantes finalmente começaram a acreditar em torcer por Portugal, em vez de perverterem apenas a conduta pelos seus próprios interesses e pelos do "Governo Sombra" europeu. - Não sei, a sério que me sinto estranhamente confiante, embora simultaneamente desconcertado com o que tenho vindo a assistir.
Após tantas décadas de azia política, de total desconforto em assumir algum tipo de presença pro-activa face ao marasmo politico de alternância de poder, e nunca de intenção resoluta, encontro-me na  bizarra posição de me sentir agradado com este governo de esquerda agregada, assim como com o meu presidente da república, assumidamente de direita. - Que abismal paradoxo!
Mais, e isto pode parecer feio de se admitir em público, mas sou um bicho de emoções à flor da pele, e não me arrependo; regozijo-me também por assistir à queda dos anteriores paladinos da nossa desgraça anunciada.
Os já de si, auto-proclamados sancionadores, escravos dos seus mestres europeus, que mesmo já desprovidos do poder, ainda insistem, na serôdia oposição em se definirem como pretensos salvadores desta nação tão maltratada, tão delapidada.
A sua auto-destruição pela boca desbaratada anima-me. Poderei cair mais uma vez desalentado em tempos futuros. - Que se lixe. - A política faz-se desta exacta montanha-russa de emoções, porém, como me importa mais o momento rumo ao futuro brilhante, que o passado desanimado, apoio-me finalmente numa ideia, numa imagem até, que me despoleta esperança nos lugares mais improváveis desta minha alma lusa de sofrer, sofrer, mas nunca desistir.
Se de facto, nascemos assim tão pequenos, então, só nos resta o crescimento neste canto atlântico esquecido, nada mais, nada mais! - Daqui, só podemos ir para diante, porque o que está pata trás, já conhecemos de sobeja.




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