Grosso modo o mundo é sempre desigual.
Entre quatro paredes ninguém nunca bebe mais do que deveria,
por ingrato receio de parecer tão mal
quanto a quantidade bastarda de esquecimento que antes disso já bebia.
Atracado entre flores silvestres imaginárias e mulheres perfeitas,
o bêbado faz más contas à sua humana destruição.
E depois, mas só depois, aponta num caderninho de linhas direitas
a real soma da sua embriagada imaginação.
Sobe-lhe pouco à cabeça, isto é verdadeiro!
Porque o bêbado nunca bebe verdadeiramente para se destruir.
A necessidade do copo cheio nasce sempre da ideia da sempre presente peçonha,
que antes da morte e da má relação surge primeiro.
Grosso modo, o mundo é tudo menos desigual face ao que está por vir,
deste até esse enche-se, e enche-se, somente desta mesma vergonha.
Miro Teixeira
2016
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