Sinto-me meio engolido pelo tédio, e ainda nem são dez da manhã.
Sento-me aqui e observo o mundo feito de formas geométricas coloridas. Rectângulos e quadrados, ao alto e deitados, a correrem rápidos, correm todos tão depressa, que alguns nem chego a ver.
Estou a envelhecer, certamente que estou. Que necessidade a nossa de afirmar o inadiável como se fosse uma novidade. Parece que aqui envelheço mais rápido. - Um amigo disse-me há dias, que devo de aproveitar a vida, pois um dia morrerei. - Fiquei chocado com essa constatação, ainda mais vinda de um amigo.
A necessidade de convívio é imperativa, toma-me à força contra todas as evidências. Necessito-o já, antes que a avalanche do tédio me engula por inteiro.
Quando comecei a escrever coisas por aqui, pensei que isto poderia vir a ser uma boa redenção ao assombro desconhecido que sempre me perseguiu. Até me aperceber que muitas pessoas foram ficando indiferentes com o passar do tempo. É sempre muito mais fácil ficar-se indiferente do que reconhecer que algo nos falta ao estado elusivo da felicidade nossa, e dos outros.
Fica-se preso numa rotina qualquer, incapazes de avançar seja para onde for, é um desprogresso demoníaco que tudo atrasa. A coragem está em romper-se com a rotina dos dias iguais, das pessoas iguais, das ideias iguais. Percebi isso finalmente quando entendi que estava sozinho contra todas as outras rotinas, e que a minha, era a de reclamar inclemente, contra a própria rotina de estar só. Para mim ficou provado que, estar sozinho, por vezes, não é nenhum desproveito sobre a vontade férrea de um dia poder vir a ser realmente feliz. É apenas um erro de percurso.
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