Há que se adorar os cépticos, esses personagens comuns desta comédia humana que todos conhecemos. Sempre atormentados, cheios de raiva, alguns até levados ao histerismo descontrolado, da sua própria linha dura, podem se tornar irascíveis em breves instâncias, mas, vistos à luz de um quotidiano anormal que não conseguem controlar, no fundo são abnóxios ao que os rodeia, fabulosos indivíduos inofensivos, que apenas gostam de falar muito e de usar muitos adjectivos naquilo que dizem. Não fazem mal a ninguém. Acabam todos num esquecimento inevitável, obcecados com um futuro que não creem, e só se atrevem a imaginar.
Perturbadores e até hilariantes, por vezes, eles são incapazes de conter os seus próprios desejos falhados, explodem no verbo da sua crise constante, irrealizada, desconcertada pela falta de crença em tudo, até neles mesmos. Vêem doença, podridão e crise por todo o lado, em explosivos ambientes de constantes conspirações. O que é muito chato. Acontece que, se não existissem, acabaria a discussão pertinente de tudo. Sem haver quem ponha em causa, não existe causa, só anuência cega. Sim, os cépticos, é preciso estimá-los muito.
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