A forma mais pura, e que mais peculiarmente explica o "ser" português é a balda. Ser um "baldas", não é, como muitas vezes se pensa, estar ausente de uma organização coerente. Absolutamente! É todo um processo complexo, acreditem. Neste país será sempre pertinente perguntar-se: Como foi que se chegou a este ponto? - A sério? - Não, nem por isso. Já se sabia. Outra coisa não seria de se esperar. Seria sempre um milagre se assim não fosse. - Ah, bom! - Pois... - e por aí fora...
Há toda uma liquidação de reparos que surgem sempre por contingências inevitáveis; foi por isto ou por aquilo...e a malta lusa acalma-se num instante, como uma manada de gnus depois dos leões passarem ao largo. - Pois foi. - Alguém mais malicioso, chamar-nos-ia de burros, imbecis torpes. Já eu não. Acredito apenas que somos todos baldas. O bom português até da coerência das explicações se balda. - Foi a humidade, ou então, foi a longa e competitiva época de trabalho destes referidos indivíduos. - É a inevitabilidade mensurável daquilo que chamamos estoicamente: "O Fado" português.
Caralho, para mim tudo isto não passam de disparates pegados, mas isto sou eu, que me tornei traidor e torço pela Costa-Rica. Insisto que a degenaração do "baldas" não deverá nunca de ser esquecida, e que, apesar do critério dominante, todo o esforço real que se faça para nos "baldarmos" à pátria, é e sempre será, meritório.
Senão vejam: Eu nem gosto de futebol. É um desporto de milhões e eu abomino multidões. É um desporto que envolve uma explosão de capital, e eu, teórico-conspirador que sou, acredito na derrocada do capitalismo como teoria financeira caduca, que não soube estar à altura da evolução das massas. É um desporto corroído por corrupções às mais altas esferas, eu, talvez sendo anárquico, quero mais que os corruptores deste mundo se fodam todos com ananases enfiados nos cus e longas barras de prisão sobre os olhos, tudo neste evento me desinspira confiança, e, ainda assim, permaneço em frente ao televisor a sofrer. Bolas! isto dói-me tanto. E dói-me porque nem me sinto português nestes dias. Interesso-me, sofro, arrelio-me, enfim, não me baldo e por isso não me sinto patriótico. É quase como ser do Porto e ser contra o Benfica, ou vice-versa. Isto é da ordem da bestialidade, não me cativa o interesse.
Ser um baldas a sério, não tem nenhuma destas virtudes. O bom "baldas" tende a ser irreversível, e convenhámos, de tempos a tempos, ainda vamos tendo algumas alegrias promissoras. O que ainda é mais grave, infinitamente mais pernicioso. Que dizer áqueles ínfimos miseráveis que não tem outra equipa senão a da selecção nacional? Ah, ainda não se tinham apercebido que era desses de quem falava? Pois é, sois se calhar, também, uns bons baldas em construção.
Ser "Baldas" é um grande sinal de respeito por deus nosso senhor Portugal, pela N.Senhora de Fátima, pelos pastorinhos, por todos os falecidos que jazem no panteão nacional, e até mesmo, pelo espírito do Salazar, antes deste cair da cadeira.
Ser "baldas" é a religião dominante e também a preferência de côr política deste país. Até é a contrariedade de escrever contra os ditames do novo acordo ortogéafico. Ser "baldas" é o homem português, tornado humilde e reduzido ao pó da nulidade divina.
Esta bandalheira de mostrar interesse por tudo e por nada tem de acabar. Eu sigo a selecção com olhos de lince e fígado destroçado, desde os meus dez anos, e não estou mais disposto a abandalhar o meu sangue português, interferindo com a minha natureza de "baldas". Mostrar interesse sempre constrange ou condiciona o fatídico destino tão nosso do: "logo se vê" ou então do "Há de ser o que Deus quiser"- Nem pensar! A balda tem antecedentes que nos definem desde o tempo de D.Sebastião, e, se aquele puto ranhoso soube foder Portugal durante sessenta anos, ou mais, quiçá, porque não o faria igual o enublado Cristiano?
A balda é amiga do génio instanâneo que fez nascer Portugal de uma simples refrega entre mãe e filho, por que raio haveria agora de ser diferente, por causa de uns meros jogadores da bola?
Casimiro Teixeira
26-06-2014
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